terça-feira, 9 de junho de 2009

Franz Bardon


Franz Bardon nasceu em 1909 na antiga Tchecoslováquia. Era o mais velho de uma família de 13 filhos. Seu pai, Viktor Bardon, era um homem que possuía um desenvolvimento espiritual em estágio avançado, porém não era um Iniciado. Todos os dias, ele orava fervorosamente para que pudesse encontrar um Mestre legítimo. Assim, a Divina Providência, atendendo às suas preces, permitiu que o espírito de um Grande Iniciado encarnasse no corpo de seu filho mais velho, Franz. Esse espírito seria a última encarnação de uma Inteligência que já habitou corpos de Iniciados, como Apolônio de Tiana (o grande Mago grego, contemporâneo de Jesus Cristo); Lao – Tse, o sábio chinês fundador do Taoísmo; e Michel de Nostradamus.

Ao atingir a idade adulta, Franz Bardon, utilizando o nome mágico de Frabato, passou a ganhar a vida como mágico de palco e ilusionista. Segundo sua principal biógrafa, discípula e amiga íntima Sra. Otti Votavova, ele era um “estouro”! Porém secretamente, era um Mestre das Artes Ocultas, tornando-se muito conhecido nos Círculos Iniciáticos alemães durante as décadas de 1920/1930.Com o surgimento de Adolf Hitler e o Nazismo, diversos grupos como a O.T.O., e a Franco – Maçonaria foram proibidos, e alguns de seus membros presos. Sociedades Ocultas são consideradas uma ameaça aos Regimes Totalitários, porque mostram, através de seus ensinamentos, a forma de se alcançar uma liberdade impossível de ser reprimida. O próprio Hitler teria pertencido ao legendário “FOGC”, ou “Loja 99”, de Magia Negra, e, alguns de seus oficiais seriam membros da “Fraternidade de Thule” (“Thule Order”), que era o instrumento externo de uma Ordem de Magia Negra Tibetana.

Por negligência de um dos discípulos de Bardon (que não tinha destruído a correspondência, como Bardon tinha ordenado), Franz Bardon e seus discípulos foram presos pelos Nazistas, entre 1941/1942. Adolf Hitler ofereceu a Bardon altos cargos no Terceiro Reich, com a condição que ajudar a Alemanha a vencer a guerra através de seus conhecimentos mágicos. Como Bardon recusou-se a ajudar, os Nazistas o torturaram cruelmente. Entre as formas de tortura, incluía-se operação cirúrgica sem o uso de anestesia. È conhecida a história de que enquanto Bardon e seus discípulos estavam sendo chicoteados, um dos discípulos descontrolou-se e proferiu um encantamento cabalístico para imobilizar os torturadores. Porém, depois de algum tempo, o efeito do encantamento passou, e o discípulo foi vingativamente executado com rajadas de metralhadora.

Após recuperar a liberdade, Bardon recomeçou o trabalho oculto e passou a curar pessoas. Podia curar câncer até o 2º grau, sem cirurgias, com a própria medicina feita de plantas e fórmulas alquímicas. Por isso, os doutores da medicina oficial ficaram muito invejosos porque não obtiveram sucesso através de seus tratamentos químicos e nucleares. Bardon descobriu também, através de seus poderes mágicos, que Hitler havia fugido para outro país, e sofreu diversas cirurgias plásticas para não ser reconhecido.Devido ao seu trabalho de cura natural, Bardon passou a ter problemas com o governo de seu país. A ideologia comunista então vigente na Tchecoslováquia pós-guerra perseguia todos os livre-pensadores, judeus, ciganos, maçons e qualquer um que se interessasse por assuntos ocultistas ou esotéricos. Com a publicação de seus livros, no final da década de 1950, diversas pessoas vieram da Alemanha para visitar-lhe. Os doutores aproveitaram essa ocasião para acusar Bardon de ser um espião do Oeste, ocasionando novamente sua prisão.

Assim, Franz Bardon faleceu em 10 de julho de 1958, no hospital de um presídio militar tcheco.

Suas Obras

As obras de Franz Bardon constituem um Sistema Mágico completo e perfeito, totalmente científico e racional. Suas obras dão especial ênfase à prática, visando à obtenção de resultados tangíveis, além de serem claras, completas e sérias, retratando assim um Mestre honesto e competente. Seu Sistema é de isento de ideologias ou conceitos religiosos, sendo adequado a todos os estudiosos, pois pouco importa sua tendência filosófica ou mística.

Magia Prática - O Caminho do Adepto - (Título original em inglês: “Initiation into Hermetics”) - Lançado no Brasil pela Editora Ground, infelizmente é a única obra de Bardon disponível em português. Um verdadeiro clássico do Ocultismo, esse livro é divido em uma parte teórica e uma parte prática. A parte teórica explica sobre os quatro elementos, os fluidos elétrico e magnético da natureza, e outras coisas. Já a parte prática é subdividida em dez graus, de acordo com a evolução do “adepto”, e cada grau contém instruções para desenvolver o espírito, a mente e o corpo. Trata-se de um Sistema de Magia completo. O método é lento, se você quiser faze-lo com perfeição, porém extremamente eficiente.

Prática de Magia Evocatória - Nesta obra, a segunda da trilogia, Bardon explica passo-a-passo os mistérios da Evocação Mágica. Explica como um Mago Branco evoca entidades positivas, como anjos e espíritos das esferas planetárias de nosso Sistema Solar, e como Magos Negros evocam entidades malévolas. O leitor irá aprender o significado do círculo mágico, do triângulo mágico, da vara mágica, vestimenta e outras ferramentas. Além disso, Bardon fornece nessa obra centenas de selos de anjos, gênios e espíritos dos elementos, que podem ensinar ao Mago todos os tipos de assuntos conhecidos universalmente, como alquimia, astronomia, adivinhação, etc., e ainda podem ajudar em todos os tipos de situações pessoais ou profissionais.

A Chave da Verdadeira Kabbalah - Neste último livro da trilogia, Bardon ensina o mistério do misticismo das letras e números da Verdadeira Kabbalah (aqui, no caso, não se trata da Kabbalah Judaica, e sim da Kabbalah Hermética). Como obter o mais alto nível de realização mágica através do conhecimento dos sons cores, números e vibrações expressadas pela Kabbalah, e, assim, como criar palavras e sentenças que produzem efeitos no mundo físico, tal como os milagres descritos na Bíblia e outros livros sagrados.

Frabato, O Mago - Embora escrito na forma de um livro de ficção, na verdade trata-se de uma autobiografia de Franz Bardon. Nessa obra, o Mago Frabato, (na verdade o próprio Bardon) conta sua história na Alemanha da década de 1930, fala de sua batalha com Magos Negros, revela as forças ocultas que causaram a ascensão do Terceiro Reich, e nos conta ainda o começo da missão espiritual que culminaria com a criação da trilogia de livros sobre Hermetismo.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Carlos Castañedas


Carlos Castaneda ou Carlos Aranha Castaneda (25 de dezembro de 192527 de abril de 1998) foi um escritor e antropólogo formado pela Universidade da Califórnia (UCLA); notabilizou-se após a publicação, em 1968, de sua dissertação de mestrado intitulada The Teachings of Don Juan - a Yaqui way of knowledge, lançado no Brasil como A Erva do Diabo.
Em
1973 revê os conceitos apresentados na primeira obra em uma versão de sua tese de Phd intitulada Journey to Ixtlan - Lessons of Don Juan (Viagem a Ixtlan). Sua obra consiste em onze livros autobiográficos no qual relata as supostas experiências decorrentes de sua associação com o brujo conhecido por Don Juan Matus, índio da tribo Yaqui do deserto de Sonora, no México. Um 12° livro chamado Magical Passes (Passes Mágicos) foi lançado, mas destoa do conjunto da obra, se aproximando mais de um manual prático de aplicação de exercícios corporais.
A Erva do Diabo se tornou um best-seller entre os jovens do
movimento hippie e da contracultura, que rapidamente elegeram Castaneda um guru da nova era e formaram legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro.
Uma controvérsia se formou em torno de sua figura tanto por parte de admiradores, que queriam encontrar Don Juan pessoalmente e de alguma forma fazer parte do processo de aprendizado, quanto de céticos, que queriam encontrar motivos para desacreditá-lo academicamente, argumentando que o testemunho fornecido em seus escritos era ficional e apontando a escassez de fontes documentais sobre sua pesquisa de campo junto ao mestre indígena.
Em 1973, no auge de sua fama, a conhecida revista norte-americana
TIME publicou uma extensa matéria de capa sobre o autor. Esta só foi conseguida depois de muita insistência junto aos agentes literários do autor que, inclusive, posou para fotos em ângulos parciais, o que sempre evitava a todo custo. A abrangente matéria notabilizou-se por publicar o resultado de uma suposta investigação envolvendo a biografia de Castaneda antes da fama, e tinha entre seus objetivos implícitos e explícitos, o propósito de retratá-lo como um mentiroso. A reportagem alega que Castaneda era peruano, nascido na andina cidade de Cajamarca, cuja origem remonta ao império inca. A reportagem cita amigos da terra natal e mesmo uma irmã de Castaneda falando sobre traços da personalidade de Castaneda, como alguém dono de imaginação fértil e entregue ao vício do jogo. Segundo ela, Castaneda seria filho de um relojoeiro e teria nascido no ano de 1925. Aos 24 anos, em 1951, teria decidido imigrar para os EUA após a traumática morte da mãe. No livro de entrevistas Conversando com Carlos Castaneda, da jornalista Carmina Fort, Castaneda, décadas depois, lamenta a decisão da TIME de publicar estes dados, que teriam sido inseridos porque ela "precisava de uma história". O autor ironiza o esforço da matéria em situar sua ascendência junto a índios sul-americanos.
Segundo o próprio Castaneda, ele teria nascido no
Brasil, em 1935, no extinto município de Juqueri, hoje Mairiporã, acidentalmente, no meio de uma família conhecida. Um parente - pelo lado paterno - era o famoso diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, presidente da ONU e embaixador em Washington por duas vezes. Seu pai, posteriormente um professor de literatura, tinha apenas 17 anos, e sua mãe, 15. Após a morte de sua mãe, quando tinha 6 anos, sua criação ficou a cargo dos avós maternos, pequenos proprietários rurais de uma granja. Episódios da sua infância no interior de São Paulo são descritos primeiramente em Viagem a Ixtlan e com mais detalhes em seu último livro, O Lado Ativo do Infinito. Semi-abandonado pelo pai, o autor guardou mágoa em relação a ele durante toda a vida, retratando-o algumas vezes como um homem fraco e sem propósito. Em um dos seminários que deu no final da vida, afirma que o pai havia se casado de novo e tido uma outra filha, e possuía uma grande biblioteca, tendo se tornado um notável leitor.
O jovem Castaneda foi enviado para um importante colégio de
Buenos Aires, o Nicolas Avellaneda, onde permaneceu até os 15 anos estudando e onde provavelmente aprendeu o espanhol que mais tarde viria exercitar no México. Tornando-se um problema para a família pelo seu comportamento revoltoso, Oswaldo Aranha, seu tio famoso e patriarca da família, teria intercedido para que ele arrumasse um lar adotivo em Los Angeles, Califórnia, em 1951. Depois de se formar na Hollywood High School, tentou cursar Belas Artes em Milão, na Itália, mas abandonou o curso por falta de afinidade, voltando então para os EUA e matriculando-se no curso de Psicologia Social da UCLA, escolha que seria alterada posteriormente ao mudar o curso para antropologia.
Como relata em entrevista para
Sam Keen, pensando em ir para o curso de antropologia, buscava a publicação de um paper para dar início à carreira acadêmica. Havia lido e escrito um pequeno ensaio sobre o livro de Aldous Huxley, As Portas da Percepção, que havia celebrizado no mundo ocidental os efeitos psicotrópicos da mescalina, alcalóide alucinógeno presente em grandes quantidades no botão do cacto de peiote, que era usado de forma ritual por vários povos indígenas americanos. Pesquisou o tema das plantas medicinais em livros como o de Weston La Barre, O ritual do peiote e partiu para o trabalho de campo. Foi então para o estado de Arizona, onde conheceu o índio brujo conhecido como Don Juan. Este viria a ser seu guia, e é personagem central nos livros autobiográficos que escreveu. O encontro com o índio foi um episódio marcante, que é recontado várias vezes na sua obra. Numa estação rodoviária, indicado por um colega da faculdade, Castaneda aproximou-se e apresentou-se como especialista em peiote, convidando o índio a lhe conceder entrevista. Como não sabia virtualmente nada a respeito do cacto, segundo relata, Don Juan teria captado sua mentira e devolvido-a com um olhar. Este olhar foi bastante significativo, pois Castaneda, normalmente um homem falante e extrovertido, ficou sem ação e tímido ao ser perscrutado. Nas explanações posteriores, diz que Don Juan o havia capturado com o olhar mostrando-lhe o nagual, pois havia visto que Castaneda poderia ser o homem que ele procurava para lhe passar seu conhecimento. Depois de mais alguns encontros, Don Juan lhe anuncia sua decisão e decide levá-lo a experimentar as plantas medicinais que Castaneda tanto pedia.
Aos poucos o jovem ocidental e acadêmico foi sendo posto ao encontro de experiências cognitivas que desafiavam o poder de explicação de sua razão, sendo forçado finalmente a mudar toda a sua concepção de mundo em prol das novas explicações que o mestre lhe fornecia e que ia compreendendo, gradualmente. Como explica no sexto livro, O Presente da Águia, o sistema de interpretações e crenças que se dispôs a estudar terminou por engalfinhá-lo, ao se revelar tão ou mais complexo que o sistema "ocidental" de interpretações do mundo. Este é um ponto chave da obra, antes inédito na antropologia e uma das fontes das acusações difamadoras que foi recebendo aos poucos. Pela primeira vez um estudioso e intelectual ocidental admitia a inoperância das suas ferramentas teóricas para classificar o objeto de estudo. O jovem ocidental viu-se forçado a admitir sua fraqueza e sua vida desordenada e vazia e um indígena aparecia como um "caçador e um guerreiro", dono de um propósito inabalável e capaz de manipular e influenciar profundamente sua percepção e visão de mundo.
Em junho de 1998, foi divulgada, muito discretamente, a notícia da morte de Carlos Castañeda, ocorrida supostamente dois meses antes, em função de um câncer.

domingo, 7 de junho de 2009

Alester Crowley


Aleister Crowley foi sem sombra de dúvida o maior mago do século XX. Suas explorações no campo das drogas e do sexo são enfatizadas em demasia por quase todas as pessoas que se põe a falar sobre ele. Essa sua faceta poderia ser explicada (talvez até possa ser justificada) como uma fuga genial da pútrida sociedade ultrapuritana em que foi criado.

O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema de valores e criar um sistema próprio, que por pior que fosse era melhor do que o sistema estabelecido.

A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com uma estética egípcia e um negro senso de humor, era, de certa forma, inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros, cheios de referências obscuras imprecindíveis para a compreenção da obra). Apesar disto escreveu excelentes poesia e prosa, mas que de forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida, atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte.

Crowley nasceu em 1875, filho de um pastor de uma seita fundamentalista protestante, que também era dono de uma fábrica de cerveja. Seu pai morreu cedo, deixando boas lembranças no menino, mas sua mãe, segundo ele, era uma "estúpida criatura", e as brigas da adolescência logo fizeram com que sua mãe o chamasse de "Besta", apelido que adotou posteriormente e que lhe trouxe boa parte da fama.

Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que piorou sua já fraca saúde (tempos depois lhe receitariam heroína para a asma, substância que usou até os 72 anos de idade, quando morreu de parada cardíaca). Crowley nunca esqueceu desse tratamento, e desde menino começou a achar que havia algo de errado com o "senso comum" da época. Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o maior pecado.

Na Universidade Crowley finalmente se encontrou. Com muito dinheiro (da herança de seu pai) e livre da repressão da família, exerceu todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo, sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas. Crowley travou contato com a Golden Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a frequentou. Subiu rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que chegaram a afirmar que a "ordem não era um reformatório". Crowley era desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo.

Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinamos sua vida a fundo. Ele sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo inglês, ele resoleu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao estilo do esteriótipo "falem mal, mas falem". Mesmo assim em sua autobiografia ("Confessions of Aleister Crowley") ele se mostrou extremamente magoado quando a imprensa marrom inglesa (conhecidíssima até hoje e abominada pela família real inglesa) inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na expedição ao monte K2.

A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe, McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley.

Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais diversas partes do mundo, experimentando com todas as formas de catarse e intoxicaçõo, que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os "mestres" que regem a terra, e com isso seu autoritarismo se tornou insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que tudo não passava de uma farsa.

A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam o conhecimento humano e são os verdadeiros "chefes" da terra é compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas. Crowley aceitou essa idéia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na psicologia (recém estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época).

Mas, desiludido com a Golden Dawn, passou alguns meses afastado da magia, e pouco a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho.

Então numa viagem ao Cairo em 1904, recém casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas das quais ela não poderia ter conhecimento. Ela o mandou invocar o deus Hórus.

Dessa invocação surgiu um texto pequeno, de três capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos "ministros" da forma de Hórus conhecida por "Hoor-Paar-Kraat", Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio Crowley. Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos "mestres" que regiam o presente Éon, dedicado ao Deus Hórus, seu mentor; era também uma entidade não totalmente separada de Crowley, embora devesse ser tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self junguiano de Crowley (mesmo ele reconheceu isso), outros, maldosamente, que era sua Sombra (termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir); Crowley demorou cerca de 5 anos para acatar o que o texto dizia. Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de doença desconhecida.

Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele ("The Book of Lies") encontraram um segredo de magia sexual que pensavam ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entedido o que tinha escrito, mas aceitou mesmo assim um alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores a 1910.

A O.T.O. existe até hoje (ou melhor existem, visto que houveram cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30 O.T.Os., por alto. A maioria clama legitimidade.)

Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O., que perdeu um galpão cheio de livros num lance mal entendido até hoje, acabou causando sua bancarrota final.

Além da O.T.O. que tinha bases massônicas, Crowley criou um corpo próprio, designado como A.:.A.:.., esse corpo, muito mais velado, deveria servir como que "escola de treinamento" para os possíveis "mestres" da humanidade.

Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da vida. E morreu em relativa miséria, ainda viciado em heroína, pouco tempo depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda Harris havia pintado com suas indicações. Um baralho magnífico.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

As Trevas do Conhecimento.


As trevas que habitam o medos, pesadelos, angústias, fraquezas, tristezas...mas também as trevas e a escuridão que contém o conhecimento, a sabedoria, o poder, este que não pode ser subjugado, e sim experimentado e aquele que detem esse poder, amíude chamado de "O Mensageiro da Luz".


Hail Lúcifer!